A religião é uma das manifestações mais fundamentais da cultura humana, sendo ela ubíqua, evocativa e pervasiva. Por causa do seu caráter peculiar, ela sempre chamou a atenção de diversas áreas do saber, sendo que, dentre essas áreas, a filosofia e as ciências sociais tiveram maior proeminência. O tratamento que foi dado à religião por essas áreas, na maior parte das vezes, assumiu implicitamente de que a cultura, bem como a religião, extrapola o âmbito natural. No entanto, há alguns anos esse pressuposto foi reconsiderado pelas ciências cognitivas através do conceito de representação. Nesse novo campo de pesquisa a crença religiosa é abordada em uma perspectiva científica através de um naturalismo metodológico. Vale salientar que esse método filosófico não implica em reducionismo ou eliminativismo, apenas na continuidade conceitual que a filosofia possui com as ciências naturais. Com base nisso, portanto, nosso objetivo é apresentar o surgimento das ciências cognitivas da religião e um de seus conceitos fundacionais, a saber, epidemiologia de representação de Dan Sperber. Através desse marco teórico abre-se um novo tratamento científico para a crença e prática religiosa que não desconsidera suas peculiaridades nem mesmo as experiências subjetivas.