O objetivo desse estudo é identificar alguns dos principais problemas ambientais relacionados ao processo de urbanização que ocorre no setor norte da região metropolitana de Belo Horizonte, na cidade de Ribeirão das Neves, de forma a realizar alguns apontamentos sobre a situação de tal região que passou por um crescimento urbano grande após a década de 1970 e gerou grandes impactos ambientais negativos.

A discussão sobre os impactos ambientais urbanos tem sido um tema de grandes estudos da Sociologia Urbana, perspectiva escolhida para tal análise. A construção do espaço urbano é um tema importante a ser estudado na atualidade devido sua influência nos processos de organização social e em função da mobilidade urbana; espaço que é produzido por meio das transformações seja ela das relações sociais, humanas, econômicas, políticas, socioambientais e culturais as quais produzem e acomodam a população.

Trata-se de uma cidade que compõem a região metropolitana da capital Belo Horizonte, possui uma população de 296.397 habitantes (Censo 2010), em grande porcentagem negra e que vivem, predominantemente, no meio urbano. É o sétimo município mais populoso do estado de Minas Gerais e, em relação aos 34 municípios que compõem a RMBH, apresenta a quarta maior população. Sua população é homogeneamente pobre, com baixa escolaridade, mão de obra pouco qualificada e renda baixa, de até 5 salários mínimos. Neves carrega estigmas de ser uma “cidade dormitório”, pois apresenta grande dependência frente aos outros municípios da RMBH, em especial com relação à capital Belo Horizonte e “cidade presídio”, tendo em vista o grande contingente de população presidiária que abriga, tendo instaladas em seu espaço unidades prisionais de grande porte. Outra representação comum diz respeito ao fato da cidade ser rotulada como violenta, devido aos altos índices de homicídios entre jovens ocorridos neste local. O próprio aspecto físico deteriorado da cidade, resultado da falta de infraestrutura (grande número de ruas sem asfalto, esgoto a céu aberto, transporte público deficitário etc.) contribui para fortalecer representações negativas da cidade.

Propõe-se aqui uma análise sobre a cidade de Ribeirão das Neves a partir das dinâmicas demográficas e sociais que marcaram a constituição da cidade ao longo do tempo, relacionando-os com os efeitos ao meio ambiente. Tal cidade possui dinâmicas de crescimento populacional peculiares que justificam o estudo, diferencio assim três fases do crescimento populacional de Ribeirão das Neves para reflexão. São eles a década de 1950, que data a fundação da cidade; o segundo momento, a partir da década de 1970, onde observa-se que o crescimento populacional acompanhou o intenso processo de parcelamento de seu solo urbano, afirmando a estruturação de uma periferia metropolitana altamente adensada, com níveis recordes de crescimento urbano na América Latina e no terceiro momento, identifica-se uma nova tendência de crescimento, que data dos anos 2000 e se baseia na tendência de verticalização dos imóveis.

Relaciono então, a expansão desordenada da cidade com seu quadro socioambiental que tem problemas graves, relacionados ao mau uso do solo, falta e desrespeito as insuficientes leis ambientais municipais, ausência de redes de coleta e tratamento de esgotos, enchentes, degradação da cobertura vegetal, degradação de nascentes, acúmulo de lixo em cursos d’água, córregos e no espaço urbano, além do problema dos lixões da cidade, cotada atualmente para receber um aterro sanitário.

 Esse artigo objetiva assim apresentar os resultados de um estudo de caráter exploratório, que promove o levantamento dos problemas socioambientais mais graves do município, e que demonstra a necessidade de maior preocupação por parte dos moradores da cidade, do poder público e também dos estudiosos sobre o tema. Para a efetivação deste trabalho, foi escolhida uma abordagem qualitativa, a partir de uma revisão de bibliografia e pesquisa em jornais da região. Conclui-se sobre a grande necessidade de políticas públicas e outras iniciativas que promovam a utilização e ocupação do solo de forma mais apropriada, sem tantos prejuízos ao meio ambiente, e que consequentemente leva a melhoria da qualidade de vida da população nevense.