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AQUECIMENTO GLOBAL E GRUPOS POLÍTICOS: EXPLICAÇÕES PARA A DIFICULDADE DE ENCONTRAR SOLUÇÕES CONSENSUAIS

Pâmela Côrtes

Resumo


AQUECIMENTO GLOBAL E GRUPOS POLÍTICOS: EXPLICAÇÕES PARA A DIFICULDADE DE ENCONTRAR SOLUÇÕES CONSENSUAIS

Pâmela de Rezende Côrtes[1]

André Matos de Almeida Oliveira[2]

 

1.       Introdução

 

Uma parte fundamental do debate sobre o aquecimento global não é científica, mas política. Até mesmo dentro da comunidade científica, parte dos debates afasta-se de alguma forma das evidências para esbarrar em questões ideológicas[3]. Esse problema é mais obviamente percebido e discutido em relação aos grupos políticos conservadores. Nos EUA, por exemplo, os conservadores são famosos pela tendência de negar o aquecimento global e, portanto, constantemente travar medidas institucionais sugeridas para minimizá-lo, enquanto liberais tendem a concordar que há aquecimento global[4].

Essas diferenças favoreceram a criação e a disseminação da imagem de conservadores como retrógados e de liberais como em sintonia com a ciência. Para a questão do aquecimento global, no entanto, é possível constatar que os liberais também podem estar atravancando soluções globais possíveis, impedindo que se implementem tecnologias de produção de energia que poderiam ser caminhos valiosos para políticas mais sustentáveis. Nos últimos tempos, por exemplo, a resistência de liberais à energia nuclear como alternativa às energias fósseis parece provir mais de valores intragrupais compartilhados enfaticamente do que de evidências científicas sólidas. Por esse ponto de vista, liberais também não escapariam da miopia presente nas visões largamente compartilhadas por grupos políticos. Mas por que isso acontece?

Algumas respostas para a dificuldade de grupos dialogarem com a ciência, e com ideias externas em geral, podem ser aventadas. Uma das centrais é o viés de grupo, que acontece por causa da nossa tendência ao “grupismo”, termo denominado pelo psicólogo Jonathan Haidt. Haidt e outros, a partir de pesquisas em psicologia moral evolucionista, concluíram que, além de termos uma tendência ao egoísmo e ao altruísmo, há uma terceira tendência que ele denominou de “grupismo”, que é a de formar grupos, agir em consonância e a favor deles e de alguma forma rechaçar aqueles que não são membros. Também se percebe que alguns itens fazem algumas ideias serem mais passíveis de serem adotadas por grupos do que outras.

Outra resposta é a que chamaremos de memética, que desloca a perspectiva mais para as ideias do que para as pessoas. Na perspectiva memética, considera-se que as ideias são autônomas, e que literalmente se reproduzem, num processo parecido com o dos genes nos seres vivos.

Neste artigo, tentaremos explicar como o intuicionismo social moral e a memética investigam a interferência política nas decisões sobre o aquecimento global de ambos os lados do espectro político. Esse “grupismo” e suas consequências interferem negativamente na comunicação entre os grupos e na resolução de problemas delicados, como o aquecimento global e o uso de energias mais ou menos limpas.

 

2.      Perspectiva do Grupismo

 

A tendência à formação de grupos é um aspecto importante da natureza humana. Jonathan Haidt é um psicólogo social que se especializou em psicologia moral e política[5]. Para Haidt, além dos comportamentos egoísta e altruísta, temos tendência ao comportamento que ele denomina de “grupista” (groupish), que é o de formar grupos e de nos preocupar com eles, sejam eles étnicos, regionais, religiosos ou políticos[6]. A teoria que o autor apresenta para a formação de grupos está firmemente ancorada na perspectiva evolutiva.

Para compreender suas explicações sobre a formação de grupo, é fundamental antes entender a Teoria das Fundações Morais[7]. Para tanto, Haidt e Joseph[8] desenvolveram uma metáfora que nos parece bastante explicativa. Eles pedem para que imaginemos que as fundações morais são como os receptores de sabor que possuímos em nosso paladar. Somos capazes de perceber (ao menos) cinco sabores diferentes: doce, salgado, amargo, ácido e umami. Mas, embora todos tenhamos receptores para os cinco sabores, não necessariamente gostamos dos alimentos que os representam da mesma forma. Alguns desenvolvem preferência por doces, outros por comidas salgadas, outros não toleram produtos amargos. A diferença de percepção e de gosto depende da nossa história evolutiva (e nossa preferência por comidas calóricas e doces), mas também depende da história de cada cultura, do meio ambiente no qual essa cultura está inserida e da disponibilidade de alguns alimentos, e dos hábitos alimentares de cada um, desenvolvidos sobretudo na infância[9].

Da mesma forma, as fundações morais devem ser buscadas de forma geral, em termos de quais foram selecionadas ao longo da história evolutiva humana, mas saber quais são não nos leva ao conhecimento de qual fundação moral é mais relevante e interfere mais no julgamento de um indivíduo[10]. As fundações morais são interruptores (switches) que se encontram no cérebro e podem ser ativadas ou não a depender do contexto cultural e da história do indivíduo[11]. A ideia geral da Teoria das Fundações Morais é a de que existem alguns valores, ou fundações morais, que estão presentes em diversas culturas e podem ser explicadas através da história evolutiva humana. Seus pressupostos são: o de que fazemos nossos julgamentos morais de forma intuitiva mais do que raciocinada; nascemos com uma mente moral em rascunho que será desenvolvido através da experiência; a cultura desempenha papel fundamental no desenvolvimento da nossa mente moral; e há mais de um valor importante na construção de sistemas morais ou ideológicos[12].

Haidt afirma que as nossas intuições éticas precedem nossas racionalizações: de fato, para ele, o papel da racionalização é justamente justificar, a posteriori, nossas intuições éticas, que aparecem em primeiro lugar. O autor considera que nossos julgamentos morais são feitos de forma intuitiva e depois racionalizados (a metáfora do cachorro intuitivo e a cauda racional[13]) como uma tentativa de influenciar as pessoas e reforçar laços de amizade e de grupo[14].

As fundações são a chave para a compreensão dos motivos para o alinhamento político dos indivíduos e dos respectivos agrupamentos ideológicos. Julgamos moralmente de forma intuitiva, utilizando as fundações, e depois racionalizamos, como uma tentativa de influenciar as pessoas e reforçar laços de amizade e de grupo.  Portanto, é através dessas fundações que decidimos quais valores morais e políticos defenderemos, e é para estreitar as relações de grupo que escolhemos de qual lado estamos e qual bandeira merece ser levantada.

As fundações até agora formuladas e propostas pelos pesquisadores são: cuidado/dano (care/harm); proporcionalidade ou reciprocidade (fairness/cheating, em alguns estudos recebem o nome de fairness/reciprocity); lealdade (loyalty/betrayal, em alguns estudos, ingroup/loyalty); autoridade (authority/subversion, também chamada authority/respect, ou ainda authority/hierarchy); pureza (sanctity/degradation, também chamada purity/sanctity)[15]. Portanto, é através dessas fundações que decidimos quais valores morais e políticos defenderemos, e é para estreitar as relações de grupo que escolhemos de qual lado estamos e qual bandeira merece ser levantada.

Haidt apresenta ainda a ideia de um “disjuntor para agrupamento” (the hive switch), que pode ou não ser acionado a depender da situação e do contexto, permitindo, por vezes, que deixemos o egoísmo de lado e nos sintamos parte de uma coletividade (a ideia aqui do Homo duplex, apresentada por Durkheim e desenvolvida por Haidt[16]), levando ao desenvolvimento de ideários políticos diversos. Nesse sentido, formamos grupos e, a depender da situação, tendemos a considerar a coletividade como algo fundamental na nossa construção como indivíduos, sobretudo na formação das narrativas que fazemos sobre nós mesmos, sobre a nossa história, e na definição dos grandes objetivos da nossa vida[17].

O autor levanta a hipótese de que foi o comportamento “grupista” o responsável pela conquista humana do globo[18]. Edward O. Wilson endossa a hipótese no seu A Conquista Social da Terra, ao retomar a ideia de seleção de grupo (sugerida já por Darwin, mas descartada durante as últimas quatro décadas[19]) e defender que é a seleção multinível a responsável pela existência e evolução da nossa moralidade e que somos produtos do embate entre a seleção de grupo e a seleção individual[20].

As polarizações seriam herança tanto de nossa identificação grupal, com o que tendemos a criar vínculos com opiniões de nosso grupo e se separar sempre mais radicalmente de opiniões de quem está fora do grupo (in-group/out-group), quanto de nossa tendência a racionalizar a intuição, fechando espaço a opiniões “de fora”. Polarização é o que acontece quando os membros de um grupo mudam suas posturas e opiniões, tendendo a opiniões mais homogeneizantes e extremas dentro do grupo, com relação a um problema em específico. Inicialmente, a polarização pode ser entendida por meio de dois mecanismos: a comparação social, e o consequente desejo de manter a reputação dentro do grupo[21]; e a argumentação persuasiva, considerando também as dificuldades de se argumentar de forma racional dentro de um grupo[22].

A polarização, portanto, é um efeito que diz respeito ao endogrupo. No entanto, a polarização e o conflito intergrupal podem se interrelacionar, aumentando as diferenças entre os grupos que estão se posicionando sobre um mesmo problema ou questão. O conflito aumenta não só a percepção de semelhança e identidade dentro do grupo, mas de fato leva os integrantes a se assemelharem quanto a opiniões e posturas. A definição por oposição (ao exogrupo) tende a levar a posições mais polarizadas[23].

Para Haidt, é a seleção de grupo que nos leva a desenvolver ideias abstratas poderosas, tais quais religião e ideologia política, porque elas podem aumentar a capacidade de um grupo de cooperar e, portanto, sobreviver[24]. Nesse sentido, é interessante pensar como a internet favorece a identificação dos indivíduos com outros que pensam como ele, assim como a possibilidade que as ferramentas das redes sociais podem oferecer tanto em termos de encontro de afins, assim como de oposição vigorosa a grupos diferentes.

Quando racionalizamos prescrições éticas, fica mais fácil pensar que elas são uma verdade autoevidente, que as opiniões divergentes dos outros são tão falsas que não sabemos sequer como são concebíveis. A tragédia é que o outro também pensará isso da nossa opinião – o que dará início e fará escalar a polarização.

 

 

2.1. Grupismo e aquecimento global

 

Não está claro porque o problema do aquecimento global apresenta opiniões polarizadas. Esse é um problema que poderia ser enfrentado de forma mais acadêmica. No entanto, ele desperta emoções acaloradas. Um estudo realizado por pesquisadores norte-americanos procurou compreender porque o tema levanta posições tão grupistas e polarizadas. De acordo com os resultados encontrados, os liberais e conservadores estadunidenses enxergam o problema ambiental de forma diversa. Enquanto os liberais tendem a ver os debates sobre aquecimento global de uma perspectiva moral, os conservadores tendem a enxerga-lo de forma menos moralizada[25].

Isso pode ajudar a explicar a existência de polarização. Como vimos, as pessoas e as culturas podem avaliar questões morais utilizando-se de diferentes fundações morais. Isso quer dizer que um debate que tenha roupagem moral ou ideológica pode encontrar opiniões divergentes não em termos de argumentos, mas em termos de quais valores podem e devem ser considerados para a tomada de posição. Nesse sentido, o debate pode ser polarizado, inclusive no espaço acadêmico, não porque há dados significativos dos dois lados, mas porque os dados estão sendo utilizados para reafirmar ideologias e sistemas morais de cada um dos lados do espectro político.

 

3.       Perspectiva Memética

 

A ideia de memes foi apresentada inicialmente por Richard Dawkins, em seu livro O Gene Egoísta, de 1976[26]. Para compreender sua significação, é fundamental entender alguns princípios da teoria da evolução por seleção natural. Dawkins é um zoólogo de Oxford, e é conhecido, sobretudo, por ter popularizado a ideia de que a evolução pode ser mais bem compreendida em termos de competição entre genes[27]. Dawkins cunhou o termo “meme” para ser uma analogia direta a “gene”, a unidade básica da seleção natural[28].

Na perspectiva do autor, pensar a evolução como resultado da competição entre genes, e não entre indivíduos ou outras unidades quaisquer, unifica alguns aspectos da teoria evolutiva. A ideia central é de que os genes são “uma unidade genética suficientemente pequena para durar um grande número de gerações” [29] e capaz de ser replicada, ou seja, capaz de fazer cópias de si mesma[30]. Durante a replicação desses genes, alguma falha pode acontecer, e é onde surge a capacidade de mutações aleatórias, fundamental na ideia da evolução. O gene não é o responsável apenas pela variação aleatória, mas é também a unidade de hereditariedade, da seleção e da evolução propriamente[31].

Isso quer dizer que os genes não devem ser compreendidos apenas como a unidade capaz de permitir a herdabilidade, mas é ele quem sofre o processo de seleção. A evolução por seleção natural opera quando estão presentes três características: replicação, mutação e seleção pelo ambiente. A replicação acontece por meio de um veículo. No caso dos genes, o veículo em geral são os corpos individuais. Isso implica dizer que aquilo que é selecionado ao longo da história evolutiva não é o indivíduo.

Um corpo, então, não é um replicador; é um veículo. É importante enfatizar isso, dado que se trata de um argumento que tem sido mal compreendido. Os veículos não se replicam; eles trabalham para propagar seus replicadores. Os replicadores não apresentam comportamentos, não percebem o mundo exterior, não apanham presas nem fogem dos predadores; eles constroem veículos que fazem tudo isso que comentamos. [...] O gene e o organismo não são rivais para o mesmo papel de estrela no drama darwiniano. Eles são escalados para papéis diferentes, complementares e, em muitos casos, igualmente importantes – o papel de replicador e o papel de veículo.[32]

 

A ideia, portanto, é que o indivíduo é quem sofre as pressões do meio, mas são os genes os que passam adiante. Há um movimento unidirecional de causalidade e influência: “variações nos genes afetam as variações correspondentes no corpo, mas a variação no corpo, resultante da história desse corpo e do ambiente, não causa variações correspondentes no gene”[33]. As interações entre indivíduos serviriam, em última instância, para favorecer a replicação genética.

Partindo dessas premissas, Dawkins faz uma provocação: “As leis da física são supostamente verdadeiras em todo o universo acessível. Será que existem princípios da biologia que tenham validade universal semelhante?” [34]. Ele diz que não há como saber a resposta, mas que apostaria todas as fichas em um princípio fundamental: “Trata-se da lei segundo a qual toda a vida evolui pela sobrevivência diferencial das entidades replicadoras”[35]. Na terra, o que calhou de obedecer a esse princípio foi o gene, mas, desde que haja replicação, podem existir outros veículos de informação.

No planeta Terra, não apenas a vida surgiu pela replicação do gene, como surgiu o meme, replicador que se encontra no que entendemos como cultura. O meme seria uma unidade de informação cultural, que se aloja nas mentes de diferentes indivíduos, e que se reproduz saltando da mente de um indivíduo para outro[36]. O que exatamente é essa unidade de transmissão cultural ninguém sabe ao certo, mas é possível apontar problemas similares para a definição de gene[37].

Diversos são os exemplos possíveis de memes, como vestuário e a moda, dietas, cerimônias tradicionais, arte, arquitetura, slogans, o senso comum e até mesmo tecnologia[38]. Diversos também são os meios que veiculam os memes, já que eles “emergem nos cérebros e viajam para longe deles, estabelecendo pontes no papel, no celuloide, no silício e onde mais a informação possa chegar”[39]. As ideias que “pegam”, que prevalecem, são as com melhor capacidade de se reproduzir, o que não implica uma mensagem melhor ou uma mensagem verdadeira.

Quando analisamos nossa cultura pelo ponto de vista memético, invertemos a perspectiva. Costumamos pensar que usamos os símbolos, a linguagem, a cultura, como ferramentas, que eles seriam meios pelos quais alcançaríamos nossos fins. Por exemplo, ao usarmos uma palavra pra descrever alguém, como “legal”, ou uma função para um objeto qualquer, como “bambolê”, pensamos que estamos criando meios para nos comunicar melhor com outras pessoas ou para facilitar nosso uso de objetos, etc. Mas a memética inverte a relação: na verdade os nomes, a linguagem, a simbologia que atribuímos aos objetos é que estão nos utilizando[40]. Nós, seres humanos, somos os veículos para a propagação do replicador, assim como acontece com os genes.

Usamos termos “intencionais”, com memes nos usando, meios para fins, etc., criando uma narrativa em que memes são personagens vivos da história, com intenções e desígnios próprios. Mas, tal qual acontece com o gene (por exemplo, em gene egoísta), essa narrativa é simplesmente um recurso de linguagem[41]. Não há, claro, intenções reais dos memes e dos genes, a linguagem intencional serve somente como bom modo de descrever os mecanismos de funcionamento dessas unidades informacionais, que se comportam como se tivessem essa ou aquela intenção[42]. Naturalmente, também não se quer dizer que a cultura ou os memes não tragam vantagens aos seres humanos, como se os explorasse ou manipulasse. As vantagens evolutivas que a cultura trouxe à espécie humana são inegáveis, fundamentais, e vêm se acumulando exponencialmente[43].

Para Rebecca D. Costa, inclusive, os memes podem se juntar num grupo maior que ela chama de supermemes: qualquer crença ou comportamento que se torna difícil de erradicar, tamanho seu domínio e onipresença, e que acaba contaminando e subjugando outras ideias concorrentes[44]. Eles seriam nocivos porque eliminariam a diversidade e poderiam fazer com que tivéssemos dificuldade de enfrentar os desafios contemporâneos, de marcada e crescente complexidade como, por exemplo, o problema do aquecimento global[45]. Os mais perigosos para ela, ao menos nos debates políticos, que é o que nos interessa nessa pesquisa, seriam: a oposição irracional[46], a personalização da culpa[47], as falsas analogias[48], o pensamento em silo ou compartimentado[49] e a supervalorização da economia em detrimento de outras formas de analisar e valorar o mundo[50].

É possível também tentar entender quais ideias têm maior ou menor capacidade de se propagar, e assim compreender porque os grupos políticos se juntam em torno desse ou daquele conjunto de ideias. Assim como acontece com os genes, algumas ideias podem atingir “um sucesso brilhante num prazo muito curto, espalhando-se rapidamente”, mas não terem “longa duração no pool de memes”[51]

Berger afirma que há alguns princípios do contágio que podem ser seguidos para que uma ideia ganhe o “boca a boca”, e que ele direciona para a publicidade, mas que pode ser aplicado a qualquer ideia. Ele afirma que para uma ideia ter sucesso ela precisa possuir moeda social, ou seja, as pessoas devem ver vantagens sociais ao passar a ideia adiante. As ideias também são favorecidas por gatilhos, ou seja, elementos, preferencialmente presentes no ambiente, que sirvam para trazer a ideia à mente. Outro item que conta para que uma ideia “pegue” é a emoção, e algumas emoções, sobretudo as que causam maior excitação, como o assombro, a animação, o divertimento, a raiva e a ansiedade, tornam a replicação das ideias mais provável[52].

Outro item na teoria do contágio de Berger é a importância de se tornarem públicas, ou seja, as ideias devem ser publicizáveis. Elas ainda ganham vantagem se tiverem um valor prático, se contiverem informações úteis para aqueles que compartilham as ideias. Por fim, e bastante importante, se for possível atrelar narrativas ou histórias às ideias, isso as torna mais passíveis de se espalharem.[53]

Nesse caso, ideias que são contempladas na esfera política podem ter grande chance de sucesso, considerando a moeda social, as emoções despertadas, a óbvia capacidade e necessidade de publicização dessas ideias, e a necessidade de criar narrativas e conexões entre pessoas, histórias pessoais e os valores compartilhados pelos grupos políticos.

Berger associa as ideias a vírus mais do que a memes. Ele utiliza termos como viral, e acha que a analogia com doenças é boa, mas tem alguns limites. Embora a doença virótica também se propague de uma pessoa a outra, a diferença fundamental está na cadeia de compartilhamento ou de transmissão. Enquanto uma pessoa doente possa tornar essa transmissão exponencial e criar longas cadeias, ideias tem menor probabilidade de fazê-lo. Portanto, aqui, para que a ideia seja viral a exigência de compartilhamento é menor do que a apresentada nos vírus propriamente dita[54].

 

3.1. Memética e aquecimento global

 

            Rebecca Costa enfrenta o debate sobre o aquecimento global numa perspectiva memética.  Ela afirma que há um grande número de cientistas que afirmam conexões entre as emissões de carbono e a mudança climática, assim como há relações entre a primeira e a ação humana[55]. Para ela, há uma quantidade significativa de soluções de energia limpa que poderiam resolver parte do problema, como a energia eólica, solar ou das ondas. No entanto, apesar dessas possibilidades, continuamos sem ter alternativas concretas e em larga escala ao combustível fóssil. A explicação dessa dissonância é, para ela, a existência dos supermemes[56].

            O problema é que o debate sobre o aquecimento global acontece de forma opositiva, e essa não é a melhor forma de encarar problemas complexos. Quando se obriga o cérebro a escolher um de dois lados opostos, desconsidera-se a possibilidade de uma resposta mais central, de perspectivas combinadas, mais prudente e mais reflexiva[57].

            Um problema ainda mais grave é que os tomadores de decisão, ao se verem entre dois supermemes ou entre duas respostas opostas e fechadas, precisam escolher um lado para então agir de forma política. Então eles são munidos de relatórios e dados que não foram preparados para analisar, de opiniões consistentes de todos os lados, de cientistas de uma ou outra posição, e, depois disso, precisam adotar uma crença ou postura que terá reflexos significativos na política ambiental de um país ou até mesmo em termos mundiais[58].

            Ainda que não se considere a perspectiva mais ampla sugerida por Rebecca Costa com relação ao alcance dos memes, há outras possibilidades de pesquisa. Dentre elas, o uso dos memes no sentido utilizado nas redes sociais, que significa geralmente postagens que são capazes de se replicar, especialmente imagens editadas com frases de cunho humorístico[59]. Há alguns anos, dois pesquisadores resolveram que os memes poderiam ser utilizados não para confundir ou atrapalhar o debate, mas para equipar os que defendem que há aquecimento global. Dessa forma, defendem que a criação de memes sobre o aquecimento global poderia ajudar a propagar a informação, ajudando a compreender que tipo de mensagem alcança que tipo de grupos, e como a internet pode ser útil não para aumentar a polarização, mas para permitir o diálogo[60].

 

 

 

 

  1. 4.      Liberais e energia nuclear

 

Liberais não têm muitos motivos para afirmar que estão do lado da ciência e considerar os conservadores retrógados. Já se viu acima que há evidências de que liberais moralizam muito a questão do aquecimento global (inclusive mais do que conservadores). É bem possível que esse fato impeça debates mais equilibrados sobre o tema por parte de liberais. Por exemplo, uma solução para alguns problemas do aquecimento global em curto prazo podem provir do uso da energia nuclear. No entanto, liberais parecem ser visceralmente contra o uso dessas energias, e essa posição parece ser muito mais por causa de uma transgressão moral do que por consideração de argumentos, propriamente.

Não se está dizendo que não há argumentos fortes contra o uso de energia nuclear. Eles existem. Por exemplo, Ian Lowe, em Why vs. Why[61], argumenta, entre outras coisas, que o problema do lixo tóxico pode ser um problema sério em longo prazo e deve impedir a adoção da energia nuclear. Mas também é possível encontrar bons argumentos. No mesmo livro citado, Barry Brook argumenta que a energia nuclear provavelmente é nossa melhor saída contra o aquecimento o aquecimento global e a crise energética contemporânea, e que as outras formas de energia renováveis não serão suficientes para resolver esse problema.

O ponto é que liberais devem estar conscientes de que estão sujeitos a vieses e distorções pelas fundações morais, tanto quanto conservadores. E essas distorções pode prejudicar a adoção das melhores soluções em debates tão importantes quanto o do aquecimento global.

 

  1. 5.      Conclusão

 

Neste artigo, foram expostas duas posições para explicar a polarização ideológica dos grupos políticos: a primeira posição foi chamada de grupista, exposta em especial por Jonathan Haidt em sua teoria social intuicionista e na Teoria das Fundações Morais. Segundo essa teoria, as divergências políticas podem ser explicadas porque as pessoas julgam moralmente muito mais por intuições do que por raciocínio, o que dificulta a consideração de argumentos e a mudança de opiniões por um raciocínio mais meticuloso. As divergências também podem ser explicadas porque as pessoas têm diferentes fundações morais, ou seja, diferentes “módulos” cognitivos que acionam por estímulos diferentes. A metáfora, nesse caso, é dos diferentes receptores de sabor.  

A segunda posição foi designada memética. Segundo essa teoria, as ideias podem ser pensadas como replicadores, que são muito similares aos replicadores tradicionais da evolução biológica, os genes. A polarização política pode ser pensada como uma forma de processo memético, em especial se conjugada com as emoções fortes que ela desperta, como a raiva, etc. Também é possível se pensar em supermemes, que são processos muito maiores de organização das ideias em uma sociedade, ou até globalmente. Supermemes podem ser especialmente maléficos quando interferem no julgamento de tantas pessoas ao mesmo tempo, já que criará um processo retroalimentativo que muito dificilmente será superado.

Por fim, argumentou-se que tanto conservadores quanto liberais estão sujeitos aos vieses das fundações morais ou dos memes. Usou-se o exemplo do aquecimento global, tema em que comumente os liberais acusam os conservadores de ignorar evidências científicas por causa de uma visão moral retrógada. Argumentou-se que liberais também estão sujeitos a esses mesmos vieses morais, em especial em discussões sobre o uso da energia nuclear para ajudar a solucionar, em médio prazo, a crise energética contemporânea.

 

6.      Referências

 

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[1] Mestre em Direito pela UFMG, bolsista CAPES; graduada em Ciências do Estado pela UFMG; faz pesquisas em áreas de interface entre a filosofia do direito, as ciências políticas e as ciências naturais, notadamente a psicologia evolucionista e a formação de grupos políticos divergentes; pamela.recortes@gmail.com

[2] Graduando em Direito pela UFMG; bolsista CNPQ de iniciação científica; pesquisa moralidade, justiça e suas origens evolutivas, além de outras ligações possíveis desses temas com a evolução; andrematosalmeida@hotmail.com

[3] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes: um alerta que nos traz soluções sobre: como evitar a nossa extinção, transformar o modo como pensamos o mundo e salvar o planeta para as gerações futuras. Tradução de Jeferson Luiz Camargo. São Paulo: Cultrix, 2012, p. 287.

[4] MCCRIGHT, Aaron M.; DUNLAP, Riley E. The politicization of climate change and polarization in the American public's views of global warming, 2001–2010. The Sociological Quarterly, v. 52, n. 2, p. 155-194, 2011.

[5] Informações disponíveis em< http://people.stern.nyu.edu/jhaidt/> Acesso em 29 de fevereiro de 2015.

[6] HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind: why good people are divided by politics and religion. New York: Vintage Books, 2013, p. 100.

[7] Muito bem explicitada em GRAHAM, Jesse et al. Moral foundations theory: The pragmatic validity of moral pluralism. Advances in Experimental Social Psychology, Forthcoming, 2012.

[8]HAIDT, Jonathan; JOSEPH, Craig. Intuitive ethics: How innately prepared intuitions generate culturally variable virtues. Daedalus, v. 133, n. 4, p. 55-66, 2004, p. 57-58.

[9]HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p.132-133.

[10]HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p. 133.

[11]HAIDT, Jonathan; JOSEPH, Craig. Intuitive ethics: How innately prepared intuitions generate culturally variable virtues, 2004, p. 58.

[12] GRAHAM, Jesse et al. Moral foundations theory: The pragmatic validity of moral pluralism. In: DEVINE, Patricia; PLANT, Ashby (eds). Advances in Experimental Social Psychology. Volume 47. Inglaterra: Elsevier, p. 55-130, 2013.

[13] A metáfora cunhada anteriormente é “o cachorro emocional e a cauda racional” (the emotional dog and its rational tail), que deu nome a um importante artigo do Haidt. No entanto, ele revisa a metáfora no livro The RighteousMind e decide que intuitivo (intuitive) é mais explicativo que emocional (emotional). A explicação encontra-se em HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p. 56.

[14] Essa ideia está resumida em HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p. 59.

[15]Sintetizadasem HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p. 178-179.

[16] HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p. 261; 283.

[17]HAIDT, Jonathan; GRAHAM, Jesse; JOSEPH, Craig. Above and below left–right: Ideological narratives and moral foundations. Psychological Inquiry, v. 20, n. 2-3, p. 110-119, 2009, p. 111.

[18] HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p. 247.

[19] WILSON, Edward O. A conquista social da terra. Tradução Ivo Korytovski. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204.

[20] WILSON, Edward O. A conquista social da terra, 2013, p. 291.

[21] MICHENER, H. Andrew; DELAMATER, John D.; MYERS, Daniel.Psicologia Social. Tradução Eliane Fittipaldi; Suely Sonoe Murai Cuccio. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005, p. 454.

[22] SUNSTEIN, Cass R. The law of group polarization.Journal of political philosophy, v. 10, n. 2, p. 175-195, 2002, p. 176-178.

[23] SUNSTEIN, Cass R. The law of group polarization.Journal of political philosophy, 2002, p. 178, 184.

[24] HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind, 2013, p. 299.

[25] FEINBERG, Matthew; WILLER, Robb. The moral roots of environmental attitudes. Psychological Science, v. 24, n. 1, p. 56-62, 2013.

[26] DAWKINS, Richard. O gene egoista. Tradução Rejane Rubino. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

[27] BLACKMORE, Susan. The Meme Machine. New York: Oxford University Press, 1999, p. 4.

[28] Memes: os novos replicadores, in: DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, capítulo 11.

[29] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 85.

[30] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 59.

[31] JABLONKA, Eva; LAMB, Marion J. Evolução em quatro dimensões: DNA, comportamento e a história da vida. Tradução de Claudio Angelo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 55.

[32] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 423.

[33] JABLONKA, Eva; LAMB, Marion J. Evolução em quatro dimensões, 2010, p. 55.

[34] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 329.

[35] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 329.

[36] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes: um alerta que nos traz soluções sobre: como evitar a nossa extinção, transformar o modo como pensamos o mundo e salvar o planeta para as gerações futuras. Tradução de Jeferson Luiz Camargo. São Paulo: Cultrix, 2012, p. 81.

[37] GRIFFITHS, Paul E.; STOTZ, Karola.Gene. In: HULL, David L.; RUSE, Michael (Ed.). The Cambridge companion to the philosophy of biology.Cambridge University Press, p. 85-102, 2008.

[38] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 327; COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 80.

[39] GLEICK, James. A informação: Uma história, uma teoria, uma enxurrada. Tradução de Augusto Calil. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 322.

[40] LOGAN, Robert K. Que é informação? A propagação da organização na biosfera, na simbolosfera, na tecnosfera e na econosfera. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2012, p. 114.

[41] Embora para autores como Robert K. Logan, quando fazemos a comparação entre gene e meme sobre a organização de estruturas vivas, já não estamos mais no plano metafórico. A estrutura da qual resulta a organização memética, ou seja, a cultura, não está como viva, nem descrita em termos que são utilmente apropriados com as características que as coisas vivas têm: a cultura é, literalmente, um organismo vivo. Para mais informações, LOGAN, Robert K. Que é informação? A propagação da organização na biosfera, na simbolosfera, na tecnosfera e na econosfera. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2012, pp. 102-103.

[42] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 7.

[43] LOGAN, Robert K. Que é informação?, 2012, p. 103.

[44] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 84.

[45] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 94.

[46] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 107.

[47] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 132.

[48] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 159.

[49] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 186.

[50] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 206.

[51] DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta, 2007, p. 333.

[52] BERGER, Jonah. Contágio: Por que as coisas pegam. Tradução de Lúcia Brito. Rio de Janeiro: LeYa, 2014, edição em EPUB.

[53] BERGER, Jonah. Contágio, 2014.

[54] BERGER, Jonah. Contágio, 2014.

[55] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 73-74.

[56] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 75-78.

[57] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 119.

[58] COSTA, Rebbeca C. Superando os supermemes, 2012, p. 284.

[59] Verbete Meme do Oxford Dictionaries, Disponível em <http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/meme>.

[60] As informações estão contidas em < http://green.blogs.nytimes.com/2012/12/17/whats-your-meme-changing-the-climate-change-conversation/?_r=0> e < http://www.culture2inc.com/thrive/>. Acesso em 02 ago 2016.

[61] BROOK, B.W.; LOWE, I. Why vs Why: Nuclear Power. Pantera Press, 2010.